quarta-feira, maio 17, 2006

carne em chama

A carne em chama me chama a ferida viva e aberta.
Arranca-me ao real, domina-me a vontade, moldando-a a cada insinuação das coxas, dos dedos e maçãs rosadas do rosto.
Enlevo-me no êxtase a cada pedaço de atenção, a cada missanga desperdiçada no meu fio de nylon.
Cada pequena satisfação desse prazer irrepetível encerrado lá no fundo onde apenas habitam os devaneios de infância, as estórias de encantar e a felicidade que nunca alcançará.
Quando a carne me chamo sigo-a sem pudor navegando só, sob os sinais do teu corpo, minha carta de marear, despojado do acessório.
Quando a tua carne me chama persigo-a até aos recantos mais sórdidos da minha paixão e abandono-me ao jogo do suor e do sabor a sal.
Quando é assim eu sou o único sol e tudo em meu redor se desvanece envergonhado.

quinta-feira, maio 11, 2006

Não esmorecer

A fragilidade do ser humano é assombrosa.
De um momento para o outro somos lançados, qual joguete, de estado de espírito em estado de espírito pela vida que nos empurra forte e persistente.
Olho para os meus dias e rio-me insanamente porque sei que os vivi, que os vivo, até aos segundos que os outros insistem em desperdiçar.
Nesses milésimos de tempo em que sou rei de mim mesmo abandono-me à corrente de vida que me alimenta, buscando o gozo pleno de cada sensação, de cada momento, e aí sou feliz.
Sempre procurei a felicidade. Acima de todas as outras coisas ser feliz.
Endeusei essa causa que abracei despojado de outras pretensões.
Se tiver saúde serei feliz, se tiver algum dinheiro serei feliz, se tiver os meus pais e irmãos junto de mim serei feliz, se toda a família estiver junto a mim serei feliz, se os meus amigos – minha segunda família – estiverem comigo serei feliz…

A felicidade é o objectivo dos objectivos, aquele que me move, que me impele a sorrir como um louco, e a adormecer em paz no final dos dias difíceis.

Miragens em Dili

Cerro as janelas da alma procurando intensificar a tua presença em mim.
Abandono-me às divagações, às frases que gostaria de pronunciar, às palavras que adoraria ouvir, ao ansiado encontro dos teus clamores.
Assim, imerso no sonho da tua aceitação busco momentos felizes.
Inalo, uma e outra vez, os aromas que imagino serem teus largando-me desenfreado nessa espiral de prazer e medo com um único fito…
Abrir os olhos e receber nos meus lábios o bafo quente e húmido do teu beijo virginal.

Absoluta carência

Todos os beijos.
Todas as carícias. Todas as poucas vezes que te toquei.
Todos os fios de cabelo e a sua essência única, todos os milímetros de pele linda, rugosa e calejada de tão honesta.
Todos os vocábulos, sílabas, frases, sopros, grunhidos, sons e demais silêncios.
Todos os gestos, movimentos e intenções.
Olhares, assomos deles, súplicas e errantes pensamentos.
Tudo...
Assumo com o egoísmo mais estúpido e gigante de que possa ter-se ideia.
Tudo isso me falha.
Todos os teus momentos.
Todos os que não sofri junto de ti, todos aqueles em que o meu olhar não repousou no teu foram momentos falhados.
São os momentos da mais absoluta carência que tenho de ti, meu princípio, meu fim, minha Mãe.

ó mar salgado...quanto do teu sal são lágrimas de crocodilo

Olá...

Sejam bem vindos ao meu divan."Eu e o Universo".

Aqui vai escrever-se de tudo. Um pouco. Até poesia. Alentejana.

Sobretudo vai procurar-se. Criar momentos felizes.

Divirtam-se.

Eu